quarta-feira, 29 de julho de 2015

UMA VIDA ENTRE LIVROS

Faz algum tempo que tenho tentado reler alguns dos livros que me impressionaram  ou impactaram algum dia, mas com tanto por ler e uma pilha que parece ter vida própria e não parar de crescer como aliar às novas leituras este anseio por releituras? Como disse-me alguém outro dia acerca de um outro assunto: vai na fé. E então começo por reler livros que me encantaram, alguns já lidos e relidos por várias vezes. Assim no final de 2014 reli  O vento nos salgueiros, depois passei para o 84 Charing Cross Road, e este ano já passei uma temporada agradabilíssima em Mitford, e depois fui ao inferno quando vivi Entre quatro paredes, mas eis que chego  a Uma vida entre livros

Reler esta conversa em forma de livro é puro encantamento que me emociona sobremaneira e durante quase toda a leitura eu estava com aquele sorriso tolo no rosto, mas tive meus momentos de lágrimas nos olhos. Encanta-me ver/ler como o Mindlin conquistou tantas amizades oriundas de seu amor aos livros, o que me fez lembrar da Helene de  84 Charing Cross Road que também conquistou amigos do outro lado oceano fruto de seu amor/paixão pelos livros. Dois amantes de livros, apaixonados pela leitura e que souberam conquistar tantos amigos e ser tão generosos com eles. 


Mindlin diz que todos os anos relê (relia) alguma coisa da obra de Machado, penso que incluirei em meus projetos de leitura/releitura (?) revisitar a Helene, o Grahame e o Mindlin que a cada leitura desperta tanto enlevo. 


Grifos:
Acho que tive um amor à primeira vista pelos livros, mas creio também que herdei.
Pois foi com o maior ceticismo que tomei conhecimento, ao voltar ao Brasil, da publicação de Sagarana. Com minha prevenção pelos livros de sucesso, não me despertou maior interesse, e foi uma surpresa ficar sabendo que o Rosa era escritor. Não li o livro. passaram-se dez anos sem eu pensar no assunto, quando saiu Corpo de Baile e, logo depois, Grande Sertão: Veredas. Aí a coisa começou a mudar de figura, pois lembrei de Sagarana, que foi reeditado pouco antes, e achei que um intervalo de dez anos entre um livro e outro era indicação de trabalho sério. 
Li bastante no correr da vida, mas o que pode parecer muito, é uma gota d'agua diante do que existe e merece ser lido. É por isso que eu gostaria de viver trezentos anos, o que me permitiria ler de vinte e cinco a trinta mil livros. Mas como nesse período surgiriam certamente muitos milhares de novos livros, o impasse continuaria. Cheguei à conclusão de que deveria desistir da ideia (como de fato desisti) contentando-me com a leitura possível.
Em relação à infância, o exemplo de leitura dos pais ajuda muito, assim como a presença de livros em casa. Isso não seria essencial, se houvesse mais bibliotecas nas escolas e nos bairros, pois a idéia de ler não deveria estar ligada à necessidade de possuir o livro. Infelizmente, ainda estamos longe disso."
 
Título: Uma vida entre livros
Autor: José Mindlin
Pág: 231
Editora: Edusp e Cia das letras
Leitura:  13 a 27/07/07/2015
Sinopse: Partindo de uma entrevista que concedeu em 1990, José Mindlin registra por escrito o seu convívio de toda uma vida com os livros e fala sobre sua paixão pela leitura e sobre como ela originou uma biblioteca absolutamente sui generis . Sempre com bom humor, ele fala de sua caça ao tesouro; fala de suas leituras e de seu convívio com escritores; discorre sobre sua formação escolar e profissional. Como advogado, trabalhou durante quinze anos - e se tornou empresário por acaso. José Mindlin fala também sobre sua atuação como secretário de cultura, sobre a participação em inúmeros conselhos de empresas e entidades culturais, sobre a experiência como livreiro e editor. 

domingo, 19 de julho de 2015

FELICIDADE

Um dia vi um livro de capa bonitinha nas mãos de um amigo. Quando comentei não conhecia aquele, ele disse: todo mundo deveria ler este aqui.  Curiosa eu? O que você acha? Anos depois, muitos, muitos anos depois eis que me chega às mãos este Felicidade aqui. Encontrado por acaso nas prateleiras da biblioteca. 
Não sei se todo mundo deveria ler, ou se todo mundo iria gostar. Eu diria que é encantador, revelador, instigante. Mas, como tenho um gosto um tanto ou quanto às avessas, tenho certeza que meu comentário não vai ser levado a sério. (rs)

O livro me parece mais com um diário, o diário de um  escritor já maduro (idade mesmo) e que nos apresenta suas reflexões sobre a arte da escrita, as reminiscências que compõem o seu dia a dia.  Em muitos momentos me lembrou do Walden de Thoreau, em outros lembrou-me dos escritos de Mario de Andrade para Fernando Sabino, que me encantaram tanto  e tão recentemente. Olhando, a ficha catalográfica vejo que a editora o classificou como contos, e eu diria que são memórias... mas ela é a editora, então!

Neste Felicidade descubro um pouco mais do Hesse, que seu escrito predileto foi o Peregrinação, e não o Sidarta ou O jogo das contas de vidro como eu poderia imaginar, e que nos conta: 
É o papel  em que um dia se imprimiu um de meus livros prediletos, Peregrinação. O que ainda resta desse livro foi destruído pelas bombas americanas, desde então ele não existe mais, anos a fio comprei a qualquer preço todo exemplar que aparecesse  em algum antiquário, e vê-lo reeditado é hoje um dos poucos desejos que me restam. 
Que se identificava com André Gide 
Naquele tempo, instigado pelo livro de Curtius, surgiu e firmou-se  em mim o amor  por aquele escritor sedutor que tratava seus problemas , tão semelhantes aos meus, de um modo bem diferente (...) Passei a ler tudo que conseguia obter dele, e com o tempo li quase todos os seus livros duas ou três vezes...
e admirava o autor. E um dia recebe, para sua surpresa e alegria,  uma cartinha deste mesmo Gide contando de sua admiração por ele e que o agradou muito particularmente
Depois de longo tempo quero lhe escrever. Essa ideia me atormenta: que um de nós possa deixar esta terra sem que o senhor saiba de minha profunda simpatia por cada um de seus livros que li. Entre todos, Demian e Knulp me fascinaram. Depois aquele delicioso e misterioso Viagem ao Oriente e por fim o Goldmund, que ainda não terminei -  e que saboreio lentamente, temendo terminá-lo muito em breve. Os admiradores que o senhor tem na França (e eu recruto novos incessantemente) talvez ainda não sejam muito numerosos, mas tanto mais ardentes. Nenhum deles mais atento e devotado do que, 
André Gide.
Um livro encantador. E que eu talvez nunca lesse  não houvesse guardado carinhosamente o comentário daquele amigo e não fosse a existência de bibliotecas, afinal o livro é esgotado. 

Gosto particularmente de:

  • Descrição de uma paisagem
  • Horas na escrivaninha
  • Lembranças de André Gide
  • Velhice

Grifos:


Título: Felicidade
Autor: Hermann Hesse
Pág: 157
Editora: Record
Leitura:  12 a 18/07/2015

Sinopse: Um autor refletindo sobre o cotidiano e o ofício de escrever. Este é o Hermann Hesse de 'Felicidade'. Contista, poeta, ensaísta e editor de importantes obras da literatura alemã, Hermann Hesse mostra nas pequenas histórias deste livro - escritas entre 1947 e 1961 - sua casa, os pequenos cômodos, a paisagem de sua janela, as flores, sua gata, o armário com diferentes tipos de papéis que, mais do que insumo para suas obras, eram retratos de seu estado de espírito.

terça-feira, 14 de julho de 2015

MITFORD

A primeira coisa que me chamou a atenção quando vi Mitford pela primeira vez foi a capa, o livro estava numa daquelas gôndolas/balaios onde ficam as promoções, sempre que passava pela livraria Civilização Brasileira na Av 7 (mais uma que infelizmente não existe mais e que era a minha livraria favorita) o livro olhava para mim, então um dia resolvi que era hora de parar para ver,  li rapidamente a sinopse e descobri que poderia ser "interessante" e  por míseros R$ 7,00 que mesmo em 2003 ou 04, quando comprei o livro, já era uma bagatela. O livro ficou parado na estante por uns bons dois ou três anos, e aí um dia em que parecia que tudo estava dando errado peguei o livro de capa bonitinha. E que surpresa boa! Mitford foi o livro certo, no momento certo, trouxe o aconchego e o acalanto que eu precisava, e sobretudo esperança. Depois disto eu o reli uma outra vez, e depois disto saí espalhando Mitford por aí, dei de presente para minha dentista, para minha amiga Gláucia, mais um para San, comprei para a biblioteca (para três delas), emprestei para umas tantas pessoas e não me canso de falar que é um dos meus livros favoritos. Convenci o meu pai a ler, e diz ele que está encantado e quer que os amigos dele conheçam o livro. Pense na alegria da pessoa.

E agora que os tempos andam (de novo) bicudos, penso em reler Mitford, e o medo de que o livro tenha perdido o encanto me refreia por várias vezes. 
Mas, numa tarde de sábado, chuvosa como esta, retiro o livro da prateleira, e já na primeira página a sensação é de voltar para casa, um misto de deleite e encantamento. 
Penso em ler até altas horas, porque adoro ler um livro em que cada parágrafo parece aquecer a alma, depois resolvo que ler um ou dois capítulos por dia é o ideal, e se possível encerrar o dia com uma leitura mais amena deve ser o que de melhor eu possa ter nestes tempos... 

Já disse outras vezes que nenhum livro é para toda gente, e não é diferente com este aqui. Não há arroubos apaixonados, o mistério é bem ralo, mas há muito de generosidade, amizade, fraternidade e afeto,  tudo isto numa cidadezinha paradisíaca que dá vontade da gente se mudar para lá. E enquanto isto vou lendo Mitford lentamente. 




Grifos:
Com frequência, observava o pequeno milagre que é passar por uma porta e chegar a um mundo completamente diferente, com aromas e atrações distintos. Isto é o que nos ajuda a ter consciência das pequenas coisas da vida, disse a si mesmo.
Esta é uma boa noite para me sentar neste aposento agradável e escrever uma carta. Correspondência, para mim, é um luxo que me aguça a sensibilidade.
no ano passado, assara 16 travessas de torta para levantar fundos para a biblioteca 
Aqui em Mitford nós cuidamos dos nossos cidadãos.



Título: Mitford
Autor: Jan Karon
Editora: Leganto
Pág. 567
Leitura: 20/06 a 13/07/2015
SinopseEm Mitford é fácil sentir-se em casa. Nestas colinas altas e verdejantes, o ar é puro, o vilarejo é charmoso e as pessoas, encantadoras. Inesperadamente, o Reverendo Tim, um reitor solteiro e querido na cidade, vê sua vida se transformar num piscar de olhos. É perseguido por um cão, do tamanho de um sofá, que aparece e não vai mais embora. Conhece uma vizinha atraente, que abre um caminho até o seu coração. Torna-se responsável por um garoto rebelde, mas adorável. Surpreende-se com um ladrão de jóias. Descobre um segredo com mais de sessenta anos. Em pouco tempo, o Reverendo tem, em suas mãos, muito mais do que pedira. E, para os leitores, sobra uma saborosa comédia provinciana repleta de mistérios e milagres.

Outros escritos sobre:
Eu amo "Mitford"
Eu amo Mitford (2)
Série Mitford 
Onde encontrar:
Biblioteca Pública do Estado da Bahia
Biblioteca Anísio Teixeira
Biblioteca João Fernandes da Cunha
Biblioteca Carmelito Barbosa Alves
Biblioteca Pública do Paraná
Biblioteca Mário de Andrade





sábado, 4 de julho de 2015

SURDO MUNDO

Há bastante tempo quando li pela primeira vez o livro Terapia, do David Lodge, encantei-me com sua escrita irônica e divertida. Não sabia de modo algum tratar-se de um escritor/acadêmico ou acadêmico/escritor. Depois disto passaram por minhas mãos o Verdades Secretas e também Invertendo os Papéis, nenhum deles teve qualquer impacto em minha vida de leitora. Livro errado, no momento errado? Talvez! Ainda assim, não resisti quando tempos/anos atrás descobri este Surdo Mundo em uma das gôndolas da Saraiva, e acabei por trazê-lo para casa para juntar-se à pilha de livros por ler. E como um dos critérios adotados ultimamente é ler os livros que quero mandar embora (eu sei não é um bom modo de se escolher um livro para ler, mas fazer o que! Preciso dar espaço para coisas novas e mais apetecíveis), retirei este livro do Lodge das prateleiras em abril. 


CHEIO DE GRIFOS
Começo achando o livro divertido, mas com muita coisa para refletir/pensar/ruminar. E eis que uma personagem, me faz torcer o bico para o livro e a partir daí a má vontade impera. Pensei: talvez deva pular todas as partes em que a dita cuja aparece (afinal um dos direitos do leitor é o de pular páginas, e não sou é que digo é o Daniel Pennac em seu Como um romance, aliás recomendadíssimo). Tentei convencer-me de que a história era do Lodge, não minha, então não tinha que dar pitaco. No fim devolvi o livro à prateleira e passei para outras coisas mais palatáveis.  Mas, novamente pensando em mandar o livro embora retiro-o da estante e dou continuidade à leitura.
Mas, aí a coisa fluiu. Não, não foi uma leitura fácil. Lodge começa com um tom irônico e por vezes divertido, que ao longo da narrativa assume um estilo lúgubre e deprimido. Mas, que tem sua razão de ser. Ao final chego à conclusão de que foi muito bom não ter desistido dele. 
Se você como eu topar com esse livro sugiro que não desista, e não deixe ler os agradecimentos, são bem esclarecedores.

PS: a narrativa alterna a primeira e terceira pessoas, inicialmente faz com que o leitor (eu) perceba o quanto é diferente o que um personagem fala (primeira pessoa), e o que narrador fala, depois isto acaba passando para o segundo plano. 
Me fez pensar em Dom Casmurro, e se a narrativa fosse em terceira pessoa, ou narrador fosse a Capitu, como seria a história?

Me incomodou de diversas maneiras os trechos com a estudante universitária, primeiro porque  eu a achei chata, depois porque sempre estava mais instigada a saber sobre o Surdo Mundo do que o que aconteceria com a aquela personagem que me parecia ter caído de paraquedas na história. Lembra dos tais agradecimentos finais? Foram bem esclarecedores também sobre isto. [05.07.2015]


Grifos:
Você não me parece muito feliz, disse ele.De fato, não estou. Com um pai senil e uma esposa que me ignora, eu não tenho como estar
 A surdez é cômica, a cegueira é trágica 


Título:  Surdo Mundo  
Autor:  David Lodge 
Editora: L&PM
Pág: 325 
Leitura: 19/04 02/07/2015 
Sinopse: Desmond Bates está ficando surdo. E a crescente incapacidade de distinguir os sons não faz outra coisa que não seja gerar confusão - para ele e para todos à sua volta. O que seria um acontecimento dramático na vida de qualquer um toma, neste caso, contornos irônicos. A existência desse privilegiado e entediado inglês se vê ameaçada quando Alex, uma atraente e desequilibrada aluna de graduação, faz ele prometer que a ajudará com sua tese. Porém, ela parece buscar seu apoio também para questões não tão acadêmicas - Ou seria tudo um grande mal-entendido? Em seu 13º romance, David Lodge coloca em cena um homem de meia-idade tentando se apaziguar com a surdez e com a proximidade da morte, com a comédia e a tragédia inerentes à vida humana. 

JÁ NÃO SE ESCREVEM CARTAS DE AMOR

Meu primeiro Zambujal, foi O diário oculto de Nora Rute, visto lá no canal da Inês. Gostei, e resolvi que havendo oportunidade não me furtaria a conhecer outros escritos do autor, e como ainda não encontrei a grande ou boa história de amor que queria  ler para o Desafio pensei que talvez este aqui viesse a calhar. Vamo combinar o título sugere... Já não se escrevem cartas de amor  Devo dizer que o livro é gostosinho de ler e em muitos momentos divertido, mas ainda não foi desta vez que encontrei a história de amor que me deixasse satisfeita (eita desafio difícil, sô!) , ainda não sei se jogo a toalha e desisto de encontrar uma leitura emblemática e dou por encerrado este tópico afinal já li seis livros para o tema e nenhum me deixou com a sensação de ter lido Aaaquela história. Ou será que sou eu que já estou muito "véia" pra isto? ;-)

Grifos: 
Os chás-dançantes eram, aliás, moda em vários locais de diversão e nunca deviam ter acabado. Se chamam a isso progresso, confundem avanço com marcha-atrás.
lembro-me dos tempos em que se vivia sem telemóvel e sabíamos esperar
a vida é feita de imprevistos


Título:  Já não se escrevem cartas de amor 
Autor:  Mário Zambujal 
Editora: A Esfera dos Livros
Pág: 190
Leitura: 22/06 a 02/072015
Tema: Casais
Data: Namorados
Sinopse:  Duarte é um jovem bon vivant, que, entre as noites glamorosas passadas no Grande Casino Internacional do Estoril, as tardes de café no Chave D’Ouro, no Palladium ou no Martinho do Rossio e a vida boémia nas boîtes da capital, vê o seu coração ser arrebatado por uma jovem alta, esguia, loura e de sorriso luminoso, de nome Erika. 
Mário Zambujal transporta-nos, nesta novela de prosa clara e original, pautada de humor, imaginação e sensibilidade, numa viagem de imagens e memórias, à Lisboa dos anos 50. Uma época de apetites e excessos. De paixões e desventuras. Era um tempo em que havia tempo. Até se escreviam cartas de amor
*-* 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

NOITE DE REIS

Eu não lembro exatamente como cheguei a Trisha Ashley,  o que sei é que eu tenho aqui dois livros dela (este Noite de Reis e o Desejos de Chocolate). Gosto de ter livros mais leves  na pilha para quando quero uma leitura mais descomprometida e menos reflexiva. E este é bem assim.

Não me decepcionei de modo algum, embora pensasse que era mais divertido, ou talvez a leitora aqui estivesse tão preocupada que acabou por não entender as piadas.


O livro é ideal para leituras de inverno, vai bem com chocolate quente. Mas, combinará muito bem com leituras de final de ano. Por isto ele está aqui no mês do frio,  mas vale também para o mês dos casais. Com uma história de amor bem comum, mas recheada de receitas e preparativos para a ceia de Natal, a autora conseguiu fazer um livro bem gostoso de ler e para mim, daquele tipo que a gente lê quase sempre com um sorriso nos lábios.

Gostei bastante e não fosse as absurdas altas nas taxas de câmbio compraria outros livros da autora, mas desta vez em papel, porque livro que se preza e para ser reconfortante de verdade tem que ser no bom e velho formato.

Grifos:

No entanto, nunca conseguiu resistir a um sabonete de lavanda da Yardley
Seria simplesmente demasiado presunçoso partilhar do aniversário do Senhor, não é?
Por uma extraordinária coincidência, o destino conduzira-me ali, mas pensando bem, também é costume dizer-se que a realidade é sempre mais estranha que a ficção.
Título: Noite de Reis

Autor: Trisha Ashley
Pág. 472
Editora: Quinta Essência
Leitura: 24/05 a 07/06/2015
Tema: Inverno
Data: Frio/Inverno
Sinopse: O Natal sempre foi uma época triste para a jovem viúva Holly Brown, por isso, quando lhe pedem para cuidar de uma casa remota nas charnecas do Lancashire, a oportunidade de se esconder é irresistível - a desculpa perfeita para esquecer as festividades. 



Escultor, Jude Martland, decidiu que este ano não haverá Natal depois de o irmão ter fugido com a sua noiva, e faz questão de evitar a casa da família. No entanto, terá de voltar na Noite de Reis, quando a aldeia de Little Mumming celebra as suas festividades e toda a família é obrigada a comparecer. 

Enquanto isso, Holly começa a descobrir que, se quer evitar a Natal, veio para o local errado. Quando Jude regressa inesperadamente na véspera de Natal não fica nada contente ao constatar que Holly parece estar a organizar a festa de família que ele esperava evitar. 

De repente, uma tempestade de neve surge do nada e toda a aldeia fica isolada. Sem fuga possível, Holly e Jude encontram muito mais do que esperavam - parece que a quadra natalícia vai ser bastante interessante!





quinta-feira, 2 de julho de 2015

A VIDA EM TONS DE CINZA

Em 2014 eu participei de dois Desafios Literários (pura maluquice, eu sei, mas no final até que deu tudo certo!), ambos organizados em grupos do Skoob. Um deles foi o das Divas, e foi assim que A vida em tons de cinza, de Ruta Sepetys veio parar nas minhas mãos. Eu o ganhei num dos sorteios entre as participantes do Desafio. Achei a capa linda, o título sempre me remetia a outros Tons de Cinza, e a sinopse me dizia para manter-me afastada dele. 

Mas, eis que chegamos ao mês do frio, e a meta era ler Conto de Inverno, de Shakespeare, que achou de sumir em algum buraco negro das minhas prateleiras, e então fui procurar alguma outra coisa que servisse para este tema. Foi então que lembrei deste aqui, acho que a Sibéria é suficientemente fria para entrar no Desafio do mês dedicado ao inverno, pois não?!

Quando comecei a leitura, pensei em ler rapidamente, tipo assim: eu preferiria ler outra coisa, mas já que tenho que fazê-lo, me dá aqui e vamos acabar logo com isto. Minhas expectativas foram frustradas.  A narrativa da autora é envolvente e eu ia lendo, um capítulo, depois outro, mais outro. Mas, como o tema é pesado, alternei com Monteiro Lobato, para conseguir ir em frente (bendito Monteiro!). Nenhum outro livro surtiu efeito, pois os personagens criados pela autora, teimavam em acompanhar-me mesmo depois de encerrada a leitura diária. 





Todo mundo sabe que evito livros pesados, tensos (não densos), a vida já o é o suficiente. E basta ligar a TV em qualquer jornal para ter a dose diária de terror e casos policias em quantidade suficiente para uma vida. Apesar disto li este A vida em tons de cinza, terminei o livro me debulhando em lágrimas. E como diz a Nedina em sua resenha no Skoob, só leia se estiver bem.  

O que mais me chocou/entristeceu foi pensar que a barbárie vivida por aquele povo continua acontecendo nos mais diversos cantos do planeta e não prevejo nenhuma luz além do front. Por isto, penso que um grifo é suficiente para encerrar este comentário aqui:
"o mal irá governar o mundo até o dia em que os homens e mulheres bons decidirem agir." 

Gostei destas aqui: 
Resenha da Nedina
Resenha do Helder


Título: A vida em tons de cinza
Autor: Ruta Sepetys 
Pág: 240
Editora: Arqueiro
Leitura: 16 a 19/05/2015 
Tema: Inverno
Data comemorativa: Inverno
Sinopse:  1941: a União Soviética anexa os países bálticos. Desde então, a história de horror vivida por aqueles povos raras vezes foi contada.
Aos 15 anos, Lina Vilkas vê seu sonho de estudar artes e sua liberdade serem brutalmente ceifados. Filha de um professor universitário lituano, ela é deportada com a mãe e o irmão para um campo de trabalho forçado na Sibéria.
Lá, passam fome, enfrentam doenças, são humilhados e violentados. Mas a família de Lina se mostra mais forte do que tudo isso. Sua mãe, que sabe falar russo, se revela uma grande líder, sempre demonstrando uma infinita compaixão por todos e conseguindo fazer com que as pessoas trabalhem em equipe.
No entanto, aquele ainda não seria seu destino final. Mais tarde, Lina e sua família, assim como muitas outras pessoas com quem estabeleceram laços estreitos, são mandadas, literalmente, para o fim do mundo: um lugar perdido no Círculo Polar Ártico, onde o frio é implacável, a noite dura 180 dias e o amor e a esperança talvez não sejam suficientes para mantê-los vivos.
A vida em tons de cinza conta, a partir da visão de poucos personagens, a dura realidade enfrentada por milhões de pessoas durante o domínio de Stalin. Ruta Sepetys revela a história de um povo que foi anulado e que, por 50 anos, teve que se manter em silêncio, sob a ameaça de terríveis represálias.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

SOLSTÍCIO DE INVERNO

Muito tempo atrás numa outra vida (literária) eu li vários livros de Rosamunde Pilcher. Não sei bem porque acabei doando quase todos os livros que tinha da autora (arrependimentos à vista?!). Tempos depois minha tia falou-me (várias/muitas vezes) sobre como Os catadores de conchas era um livro fantástico, chegou a emprestar-me (nunca li). 

E então vi este Solstício de Inverno com uma capa linda na livraria. Mas, não comprei.   E depois o programa Iluminuras (TV Justiça)  chamou a minha atenção para  o livro. Eu até o emprestei da biblioteca certa vez, li algumas páginas e cheguei a conclusão que um livro de 640 páginas, para ler com data marcada e lista de espera, não ia funcionar muito bem. Lembrei dele agora que tenho que ler um livro sobre inverno, num verão de 30º. 

Volto a emprestar o livro da biblioteca e sim, como a Juíza Elisabeth Amarante disse no programa...  é um livro que convida para um chá, e o tomei muitas vezes. 

Solstício de Inverno não é de modo algum uma obra prima, então porque gostei tanto? Acho que posso começar a responder isto com outra (s) pergunta (s):  o que procuro quando começo a ler um livro? Esta é uma pergunta fundamental?  Talvez seja. Às vezes beleza, conhecimento, riso, encantamento, entretenimento, e arte... Neste momento minha alma busca acalanto e aconchego, os tempos andam tão bicudos que uma história mais fluída, e cálida vai muito bem, obrigada. Aqui não há arroubos, nem enredos intricados, ou dramas insolúveis; e muitos dirão: mas, não acontece nada!  Bem para estes sugiro procurar outro tipo de livro. Mas, aqueles que buscam uma leitura gostosa e prazenteira, com clima de Natal (mesmo que estejamos no Carnaval!), ah! estes vão se encantar! 

E maluca que sou não resisti e comprei o meu antes devolver a publicação da biblioteca! Olha só!


Título:  Solstício de Inverno 
Autor:  Rosamunde Pilcher
Editora: Bertrand
Pág: 640
Leitura: 02/02 a  25/02/2015
Tema: Inverno
Data: Inverno

Sinopse: Em Solstício de Inverno, Rosamunde Pilcher conta a história de Elfrida Phipps, que deixa Londres para construir uma nova vida em Dibton, pequena cidade em Hampshire, onde desfruta da companhia do cão Horácio e da amizade dos Blundell. Porém, uma tragédia imprevista muda a sua rotina e abala radicalmente a sua vida.