Autora: Katherine Mansfield
Editora: Raven
Leitura: 25/01 a 01/02/2015
Tema: Escrito por mulher
Data: Dia Internacional da Mulher
Sinopse: Esta coletânea apresenta ao público os primeiros contos desta extraordinária escritora, publicados no jornal New Age em 1910 e, em dezembro de 1911, reunidos no livro "In a German Pension".
Fui apresentada a Katherine Mansfield por uma amiga, que na época estava mudando-se para a Europa. Na partida ela me brindou com alguns livros, dentre eles dois livros de Katherine Mansfield, e me disse que era uma de suas escritoras favoritas. Não lembro bem quanto tempo ela ficou por lá, três, quatro, cinco, ou mais anos, não faço ideia. O que sei é que nunca li os tais livros, e um dia quando conversávamos ao telefone surgiu o nome de Mansfield e foi aí que eu resolvi tirá-los da prateleira. Você já conhece a frase... ah! meu Deeeus! Porque eu não li antes?
E quando surgiu o tema escritoras (livros escritos por mulheres) imediatamente pensei em Nômade, de Ayan, pensei em Woolf, aliás eu deveria enfim ler a Mrs Dalloway, que todos os anos entra na lista dos Desafios e nunca sai de lá. E pensei, pensei também na Mansfield. O livro da Ayan seria emblemático para este mês dedicado às mulheres, mas é um livro tenso, denso e volumoso, e não sei se daria conta a tempo para o Desafio. Então fiz a opção pela Mansfield. Que é sempre uma leitura agradável e encantadora. Ao terminar de ler o segundo conto eu já o queria reler.
Já disse outras vezes e em relação a outros livros e correndo o risco de tornar-me repetitiva, direi de novo: não creio que este seja um livro para toda a gente. Aqueles que procuram arroubos, emoções fortes, tramas intricadas não encontrarão nada disto aqui. A escrita de Mansfield é prosaica, cálida e trata do cotidiano, e muitos até dirão: mas não acontece nada! É talvez sim, talvez não, depende de quem lê, como lê e porque lê.
Fico a me perguntar o que tem a escrita de Mansfield para me agradar tanto?... Lendo o quarto conto me dei conta de que durante toda a leitura eu estive sorrindo, o que me fez olhar para os lados e ver as caras e bocas que iria encontrar. Mas, parece que ninguém notou a leitora encolhida atrás do livro, sorrindo tolamente.
Eu diria que este é um livro para ler devagar, e é puro deleite.
Alguns contos desta coletânea não têm como cenário a Pensão Alemã e um deles eu achei bastante melancólico, quase triste, ou triste mesmo: o conto da criança cansada. Que me fez pensar na infância narrada por Phipppe Ariès, o que é contraditório já que eu ainda não li Ariès.
Grifos:
Juntas, no grupo, deveríamos ser umas oito ou dez casadas, trocando confidências com relação a roupas íntimas e às características peculiares dos maridos. As solteiras discutiam as roupas e os atrativos dos Possíveis Maridos.
Ora, há alguma coisa peculiar, íntima, na partilha de um guarda-chuva.
Nós estávamos deitadas, encolhidas no chão, enquanto uma senhora húngara, gordíssima, nos contava sobre o bonito túmulo ela havia comprado para seu segundo marido