Confesso que comprei Mrs Dalloway porque gostei da capa e porque era fininho, ideal para carregar na bolsa em dias de tendinite em crise (valei-me minha Nossa Senhora dos Ombros Doloridos) . Eu sei é um sacrilégio, mas eu não vou mentir, estou no mês das mulheres, o da mentira é no mês que vem.
E agora que leio tenho pensamentos e sentimentos dúbios, em dado momento sinto-me lendo um dos contos da Katherine Mansfield, em outros passeando pela Avenida Niévski, do Gógol, e em outros é como se estivesse em um caleidoscópio com suas múltiplas imagens.
Gosto da narrativa, mas é para mim uma leitura lenta que exige degustação e atenção, muita atenção. Talvez um dia eu tente relê-lo tipo de uma sentada, visto que esta foi entremeada de tantas pausas.
Vi comentários de algumas pessoas que não gostaram porque aparentemente não acontece nada. Cristo! eu acho que acontece tanta coisa. Há toda uma vivacidade e vida interior contida aqui que me deixa exausta.
Grifos:
No casamento precisa existir uma pequena liberdade, uma pequena independência entre as pessoas que vivem juntas na mesma casa dia após dia;
Sentia-se muito jovem; ao mesmo tempo indizivelmente velha.
O fracasso a gente esconde.
Quando as pessoas são felizes, tinha dito a Elizabeth, elas têm uma reserva à qual podem recorrer.
As pessoas não me convidam para festas
Autor: Virginia Woolf
Editora: L&PM
Pág: 224
Leitura: 25/02 a 13/04/2015
Tema: Escrito por mulher
Data: Dia Internacional da Mulher
Sinopse: Mrs. Dalloway - Num aprazível dia de verão do ano de 1923, Clarissa Dalloway, representante da elite londrina, se prepara para a festa que dará à noite. Ela sai para comprar as flores para a ocasião e, enquanto caminha pela cidade, os mais variados pensamentos ocupam sua mente – muitos dos quais não seriam adequados para uma dama da alta sociedade. Clarissa pensa em Peter Walsh, velho amigo cuja proposta de casamento recusou décadas atrás; repassa suas escolhas de vida, seus momentos de mais intensa felicidade, seu casamento com Richard Dalloway; pensa na filha adolescente, Elizabeth, em miudezas da existência e no esplendor da vida.
Iniciando com o ponto de vista de Clarissa, Mrs. Dalloway – publicado pela primeira vez em 1925 – inova a arte romanesca de forma a um só tempo delicada e radical ao alternar o foco narrativo de um personagem para outro e ao lançar mão do fluxo de consciência como maneira de acompanhar seus sentimentos, suas sensações e suas reflexões. Passado num só dia, o romance é rico em flashbacks e flashforwards, misturando, além disso, discurso direto e discurso indireto livre. Com Mrs. Dalloway, considerado por muitos sua obra mais importante, Virginia Woolf (1882-1941) comprovou que ações corriqueiras, cotidianas – como comprar flores –, podem ser tema de grande arte, e que a vida e a morte acompanham todos os momentos da existência humana.