quarta-feira, 29 de julho de 2015

UMA VIDA ENTRE LIVROS

Faz algum tempo que tenho tentado reler alguns dos livros que me impressionaram  ou impactaram algum dia, mas com tanto por ler e uma pilha que parece ter vida própria e não parar de crescer como aliar às novas leituras este anseio por releituras? Como disse-me alguém outro dia acerca de um outro assunto: vai na fé. E então começo por reler livros que me encantaram, alguns já lidos e relidos por várias vezes. Assim no final de 2014 reli  O vento nos salgueiros, depois passei para o 84 Charing Cross Road, e este ano já passei uma temporada agradabilíssima em Mitford, e depois fui ao inferno quando vivi Entre quatro paredes, mas eis que chego  a Uma vida entre livros

Reler esta conversa em forma de livro é puro encantamento que me emociona sobremaneira e durante quase toda a leitura eu estava com aquele sorriso tolo no rosto, mas tive meus momentos de lágrimas nos olhos. Encanta-me ver/ler como o Mindlin conquistou tantas amizades oriundas de seu amor aos livros, o que me fez lembrar da Helene de  84 Charing Cross Road que também conquistou amigos do outro lado oceano fruto de seu amor/paixão pelos livros. Dois amantes de livros, apaixonados pela leitura e que souberam conquistar tantos amigos e ser tão generosos com eles. 


Mindlin diz que todos os anos relê (relia) alguma coisa da obra de Machado, penso que incluirei em meus projetos de leitura/releitura (?) revisitar a Helene, o Grahame e o Mindlin que a cada leitura desperta tanto enlevo. 


Grifos:
Acho que tive um amor à primeira vista pelos livros, mas creio também que herdei.
Pois foi com o maior ceticismo que tomei conhecimento, ao voltar ao Brasil, da publicação de Sagarana. Com minha prevenção pelos livros de sucesso, não me despertou maior interesse, e foi uma surpresa ficar sabendo que o Rosa era escritor. Não li o livro. passaram-se dez anos sem eu pensar no assunto, quando saiu Corpo de Baile e, logo depois, Grande Sertão: Veredas. Aí a coisa começou a mudar de figura, pois lembrei de Sagarana, que foi reeditado pouco antes, e achei que um intervalo de dez anos entre um livro e outro era indicação de trabalho sério. 
Li bastante no correr da vida, mas o que pode parecer muito, é uma gota d'agua diante do que existe e merece ser lido. É por isso que eu gostaria de viver trezentos anos, o que me permitiria ler de vinte e cinco a trinta mil livros. Mas como nesse período surgiriam certamente muitos milhares de novos livros, o impasse continuaria. Cheguei à conclusão de que deveria desistir da ideia (como de fato desisti) contentando-me com a leitura possível.
Em relação à infância, o exemplo de leitura dos pais ajuda muito, assim como a presença de livros em casa. Isso não seria essencial, se houvesse mais bibliotecas nas escolas e nos bairros, pois a idéia de ler não deveria estar ligada à necessidade de possuir o livro. Infelizmente, ainda estamos longe disso."
 
Título: Uma vida entre livros
Autor: José Mindlin
Pág: 231
Editora: Edusp e Cia das letras
Leitura:  13 a 27/07/07/2015
Sinopse: Partindo de uma entrevista que concedeu em 1990, José Mindlin registra por escrito o seu convívio de toda uma vida com os livros e fala sobre sua paixão pela leitura e sobre como ela originou uma biblioteca absolutamente sui generis . Sempre com bom humor, ele fala de sua caça ao tesouro; fala de suas leituras e de seu convívio com escritores; discorre sobre sua formação escolar e profissional. Como advogado, trabalhou durante quinze anos - e se tornou empresário por acaso. José Mindlin fala também sobre sua atuação como secretário de cultura, sobre a participação em inúmeros conselhos de empresas e entidades culturais, sobre a experiência como livreiro e editor. 

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